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Tarifas dos EUA impactam plano de desenvolvimento da China – 24/10/2025 – Mundo

A guerra comercial imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impactou o 15º Plano Quinquenal da China, cuja determinação foi de que o desenvolvimento econômico deve permanecer como objetivo central do regime chinês entre 2026 e 2030.

O documento, elaborado a cada cinco anos para determinar as metas de desenvolvimento do país, prega em favor do sistema multilateral de comércio, critica o protecionismo e coloca como objetivo a liderança no desenvolvimento tecnológico e científico mundial.

“Durante o 15º Plano, o ambiente de desenvolvimento do nosso país enfrentará mudanças profundas e complexas, em um período em que coexistem oportunidades estratégicas e riscos e desafios, com aumento de fatores incertos e de difícil previsão. Os fundamentos econômicos do nosso país são estáveis, nossas vantagens são numerosas, a resiliência é forte e o potencial é grande”, diz o documento.

Sem citar nominalmente os EUA, o plano refere-se às políticas protecionistas encampadas por Trump, que tornaram a China protagonista da guerra comercial.

Para Logan H. Wright, diretor do China Markets Research do Rhodium Group, é claro que o plano foi feito com os americanos em mente, uma vez que a visão chinesa apresentada no documento enfatiza o desenvolvimento de indústrias de alta tecnologia sem qualquer dependência de componentes importados, especialmente aqueles vindos dos EUA.

“A contradição, claro, é que, ao mesmo tempo em que busca essa autossuficiência industrial, a China está se tornando quase totalmente dependente das exportações para o resto do mundo para seu crescimento econômico”, afirma Wright.

Exemplo de que o país seguirá em um modelo baseado no comércio e investimento é o objetivo descrito como “ampliar de forma estável a abertura institucional”, que se concentra na coordenação de regras e sistemas para otimizar os negócios, ter mais eficiência econômica e fornecer suporte institucional para o comércio e investimento exterior.

Com isso, Pequim propõe o desenvolvimento de uma manufatura avançada, da integração tecnológica e da autonomia produtiva em alinhamento aos polos de crescimento em regiões-chave, em um eco às políticas de Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) criadas por Deng Xiaoping e determinantes para a abertura econômica do país em 1980.

As zonas, usadas até hoje de forma expandida e redesenhada, têm como objetivo atrair investimento externo, impulsionar a manufatura e incentivar a inovação tecnológica.

O incentivo ao consumo interno e a criação de um mercado nacional unificado também são apresentados como instrumentos de crescimento econômico. O documento, porém, segundo o pesquisador, deixa claro que Pequim “pretende dar continuidade a uma estratégia de crescimento orientada pelo investimento”.

“Isso exigirá a expansão contínua da participação da China no mercado global de exportação e provavelmente gerará considerável resistência entre os parceiros comerciais da China”, diz.

Construir um ambiente de forte consumo interno torna-se um desafio, uma vez que o país luta para estimular os gastos de uma população que tem historicamente o costume de poupar devido à instabilidade econômica e social. Segundo o documento, é necessário “impulsionar vigorosamente o consumo, expandir o investimento efetivo e eliminar resolutamente os pontos de estrangulamento que dificultam a construção do mercado nacional unificado”.

O consumo no país segue contido, em parte, porque a população chinesa continua guardando dinheiro por precaução, segundo relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Um pacote de medidas emitido em setembro para estimular o consumo de serviços no país tentou mirar nesse problema. Uma das ações previstas pelas medidas era o fortalecimento da campanha “Compre na China”, lançada em abril deste ano para expandir o consumo no país com foco em moda, entretenimento, turismo e esporte, entre outros.

“Mudar o motor do crescimento econômico da China em direção ao consumo exige uma reestruturação completa do sistema fiscal, e não há discussão real de mudanças fundamentais no modelo de crescimento no comunicado”, declara Wright.

Fonte: Folha de São Paulo

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