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Perfis usam IA para disseminar desinformação política – 09/09/2025 – Poder

Se você navega pelo TikTok, provavelmente já se deparou com algum vídeo de política criado por inteligência artificial. Tantos conteúdos proliferando na rede social têm chamado a atenção de usuários da rede, que perguntam se trata-se de desinformação ou não. A resposta é: muitos desses perfis desinformam, sim.

Eles têm alguns pontos em comum, como o viés de direita e a escolha das pessoas retratadas nos vídeos. É comum que estes perfis publiquem vídeos sobre pessoas como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, do Brasil, Lula (PT), da China, Xi Jinping, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), como Alexandre de Moraes.

Ao fazer uma busca no TikTok pelo nome de Moraes, por exemplo, os primeiros perfis exibidos são de dois veículos de imprensa, mas a terceira sugestão do resultado leva para um vídeo sobre a possibilidade de Trump mandar invadir o Brasil para prender Moraes, conteúdo já desmentido pelo Comprova.

Ao clicar no perfil, a reportagem logo concluiu tratar-se de uma página que desinforma. Dos cinco vídeos mais recentes publicados pela página até 1º de setembro, quatro continham desinformação. Exceto o primeiro post, sobre exibição do caso de Hytalo Santos no Profissão Repórter, os quatro seguintes misturavam informações verdadeiras a mentiras. É o caso de uma gravação que cita o atracamento de navios norte-americanos na costa da Venezuela e supostos “planos de evacuação da fronteira” do Brasil com o país vizinho, sobre os quais não há evidências. Outro post diz que os Brics apresentaram sua nova moeda, o que não é verdade.

A tática de adicionar afirmações falsas a fatos recém-ocorridos é comum no mundo da desinformação. Como o assunto está “quente”, a chance do post aparecer como sugestão em buscas e, assim, obter curtidas e compartilhamentos, é grande.

Inteligência artificial

É possível perceber que se trata de IA ao fazer uma análise dos vídeos. Preste atenção se há imagens hiper-realistas ou trechos de vídeos em que a pessoa aparece, mesmo que rapidamente, com alguma distorção nas mãos ou em outros locais do corpo. É provável que tenham sido criadas por IA.

Você também pode recorrer a ferramentas de reconhecimento da tecnologia. A reportagem pediu que o Hive Moderation analisasse um vídeo publicado por um dos perfis verificados e a resposta foi que o conteúdo tinha 99,9% de chance de ter sido gerado por IA. Vale lembrar que essas ferramentas podem falhar na detecção de conteúdos, por isso devem ser usadas como apoio à análise humana.

Combinados às imagens, os posts costumam trazer uma narração, muitas vezes com voz robótica. Com o avanço das tecnologias, em alguns casos é mais difícil de detectar o uso de IA na voz, mas a combinação de um narrador que diz supostas notícias bombásticas, sem citação de fontes, com imagens intercaladas das pessoas mencionadas pode indicar que se trata de desinformação.

Outro ponto em comum desses conteúdos de desinformação, que pode ajudar os usuários da rede a detectar se é desinformação ou não —ou desconfiar, o que já é um bom sinal — , é o uso de linguagem alarmista. “Última hora” e “bomba” são alguns dos termos usados por esses perfis.

Expressões como “plano que pode mudar o Brasil para sempre” e “assista antes que o conteúdo saia do ar” também aparecem com frequência. Então, ao se deparar com conteúdos assim, reflita se faz sentido o que é afirmado ali e busque fontes de informação fora da rede social.

Procurada pela reportagem, a assessoria do TikTok afirmou ter atualizado as diretrizes da comunidade para tornar a plataforma mais segura. A empresa disse ainda que, pelo fato de IA generativa e de ferramentas de edição poderem confundir fato e ficção, exige que conteúdos sejam rotulados. Caso contrário, podem ser removidos, restringidos ou receber rótulo pela equipe. A rede tirou do ar links enviados pelo Comprova.

Por que investigamos?

O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo email folha.informacoes@grupofolha.com.br.

Leia a verificação completa no site do Comprova.

A apuração desse conteúdo foi feita por Folha e NSC e publicada em 8 de setembro pelo Projeto Comprova, coalizão que reúne 41 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por UOL, Estadão e Terra.

Fonte: Folha de São Paulo

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