O partido governista do Kosovo, liderado pelo primeiro-ministro nacionalista Albin Kurti, conquistou mais da metade dos votos na eleição deste domingo (28), abrindo caminho para que um governo possa ser formado no Parlamento após um impasse político que durou um ano.
Os kosovares foram às urnas pela segunda vez neste ano depois que nenhum partido conseguiu obter a maioria necessária para governar nas eleições em fevereiro. Meses de negociações fracassadas para formar coalizão levaram a presidente Vjosa Osmani a dissolver o parlamento em novembro e convocar eleições antecipadas.
Ao final da noite de domingo, horário local, o partido de Kurti, o LVV (Movimento pela Autodeterminação), liderava com 50,2% dos votos. Analistas dizem que é difícil prever se o premiê conseguirá formar o governo sozinho sem uma coalizão para garantir os 61 assentos necessários no Parlamento de 120 lugares do país dos Bálcãs.
Os dois principais partidos de oposição, o Partido Democrático e a Liga Democrática, estavam com 20,7% e 14%, respectivamente.
“A vontade dos cidadãos está agora nas urnas. Preservar essa vontade é essencial para a legitimidade e credibilidade do processo eleitoral”, disse Kurti em uma mensagem em vídeo após a publicação das pesquisas de boca de urna que indicavam sua vitória.
Outro fracasso na formação de um governo e na reabertura do parlamento prolongaria a crise em um momento crítico para o país de pouco menos de 2 milhões de habitantes. Os parlamentares devem eleger um novo presidente em abril e ratificar acordos de empréstimo de 1 bilhão de euros (R$ 6,5 bilhões) da União Europeia e do Banco Mundial que expiram nos próximos meses.
Os partidos de oposição do país recusaram-se a governar com Kurti, criticando sua gestão das relações com aliados ocidentais e sua abordagem em relação ao norte do Kosovo, onde vive uma minoria sérvia. Kurti culpa a oposição pelo impasse.
Em uma tentativa de conquistar eleitores, Kurti prometeu um mês adicional de salário por ano para funcionários do setor público, 1 bilhão de euros por ano em investimentos e uma nova unidade de promotoria para combater o crime organizado. Os partidos de oposição também se concentraram na melhoria do padrão de vida —uma preocupação principal para os eleitores.
Depois de depositar seu voto em Pristina, capital do país, Kurti pediu que as pessoas votassem, dizendo que uma maior participação fortaleceria a legitimidade do parlamento.
“Assim que o resultado da eleição for conhecido, faremos tudo o que sabemos e podemos para constituir o parlamento o mais rápido possível e prosseguir com um novo governo”, disse ele. A participação foi de 45%, de acordo com os resultados.
O Kosovo declarou independência da Sérvia em 2008 com o apoio dos Estados Unidos, que bombardeou forças sérvias que realizavam um massacre contra albaneses na região —cerca de 90% da população kosovar tem etnia albanesa. A independência do país não é reconhecida pela ONU e por boa parte dos países do mundo, incluindo o Brasil.
Desde a independência, Kosovo tem lutado contra a pobreza, a instabilidade política e o crime organizado. O mandato de Kurti, que começou em 2021, foi a primeira vez que um governo completou um mandato completo.
As tensões com a Sérvia aumentaram em 2023, levando a União Europeia a impor sanções ao Kosovo. O bloco disse este mês que as suspenderia após a eleição de prefeitos sérvios em municípios do norte, mas as medidas já custaram ao Kosovo centenas de milhões de euros.




