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Infográfico: Míssil sela programa das superarmas de Putin – 29/10/2025 – Mundo

Em 1º de março de 2018, uma outra era geológica na política global, um triunfante Vladimir Putin anunciou que a Rússia iria dispor de seis novos armamentos para asseverar seu lugar no mundo. “Ninguém queria nos ouvir. Agora ouçam”, disse.

Envoltas pelo natural segredo e, depois, pelas brumas da Guerra da Ucrânia, as ditas superarmas ou armas invencíveis chegam a este outubro de 2025 como uma realidade —como graus diversos de sucesso e operacionalidade, muito segredo e propaganda.

No domingo (26), o russo envergou uma farda para ouvir seu chefe de Estado-Maior, Valeri Gerasimov, relatar que enfim a última daquelas seis armas foi testada com sucesso. Trata-se do míssil Burevestnik, nome russo para a ave marinha petrel.

Segundo o general, o teste ocorreu na terça-feira retrasada (21). “Nenhum país tem uma arma parecida com essa”, disse Putin. Se é verdade que o líder recorre a arroubos do gênero, no caso do novo míssil ele pode estar certo.

O tom de chacota e ceticismo generalizado do tempo daquele discurso anual à Assembleia Federal russa ficaram para trás. O presidente americano Donald Trump chamou o ensaio de “inapropriado” e disse que Putin deveria acabar com o conflito no vizinho “em vez de testar mísseis”.

A Otan, aliança militar ocidental que se prepara para uma guerra de fato com Moscou, já tem um nome para ele: Skyfall, algo como céu em queda em inglês.

O Burevestnik recuperou uma ideia dos anos 1960 dos Estados Unidos e da União Soviética: um míssil que voava alimentado por um pequeno reator nuclear, tornando sua autonomia infinita na prática. Não deu certo por questões técnicas e porque falhas poderiam espalhar radioatividade de forma indesejada.

Gerasimov afirmou que o míssil voou 14 mil km em cerca de 15 horas. Segundo o serviço secreto da vizinha Noruega, monitores sugerem que o teste ocorreu em torno de Novaia Zemlia, conhecido campo de testes nucleares do Ártico russo na Guerra Fria.

Não houve ainda registro de emissões radioativas, o que sugere que, se de fato o míssil funciona, os russos solucionaram a questão de como fazer o fluxo de ar passar pela área do reator miniaturizado sem levar consigo partículas perigosas.

“É uma revolução, pelo que sabemos. Ele pode voar baixo, até 25 metros de altitude, seguindo o terreno. É uma arma muito difícil de ser detectada”, disse por mensagem o analista militar moscovita Micha Barabanov.

Não concorda com ele seu compatriota Pavel Podvig, referência no instituto da ONU para questões armamentistas que vê no fato de o míssil ser subsônico uma vulnerabilidade. “É uma peça de propaganda”, escreveu no X.

Uma hipótese de ambos os analistas é o de o míssil ser um instrumento para o caso de ataque nuclear maciço ao território russo, que garanta uma retaliação quando submarinos, a usual força para isso, estiverem exauridos ou anulados.

MISTÉRIO E MARKETING CERCAM ARMAS

O Burevestnik, assim como outras superarmas, tem função dual: pode empregar ogivas convencionais ou atômicas. Putin disse que ele será posto em produção, mas aí entram os quesitos marketing e mistério.

O próprio russo já havia dito que os ensaios do míssil estavam prontos, no fim do ano passado. Antes, houve defeitos e uma explosão que matou cinco cientistas numa balsa de lançamento no mar de Barents, com picos de contaminação radioativa.

O mesmo grau de dúvida cerca outras das ditas armas invencíveis. O míssil balístico superpesado Sarmat, o mais poderoso veículo de entrega nuclear do planeta, está oficialmente em operação, mas especialistas sugerem que ele só fez um voo bem-sucedido em 2022.

Já dos planadores hipersônicos Avangard há estimadas 12 unidades. Ele é montado no lugar da ogiva de um míssil intercontinental e atinge velocidades enormes sem deixar a atmosfera, manobrando até chegar ao alvo.

Ainda mais misterioso é o Poseidon, o “torpedo do Juízo Final”, dada sua capacidade teórica de navegar com propulsão nuclear e disparar um “tsunami nuclear” de 2 megatons. A Rússia diz que ele está pronto para uso, mas pouco se sabe sobre seu real status.

Outra superarma, o míssil aerobalístico Kinjal, é empregado na Ucrânia. Não é, contudo, tão invencível, tenho sido derrubado em algumas ocasiões por baterias americanas Patriot de Kiev.

Por fim, daquela safra, há o canhão de defesa antiaérea a laser Peresvet, do qual especialistas julgam haver apenas cinco em operação, protegendo lançadores de mísseis.

Outros dois armamentos entraram na conta de invencibilidade do Kremlin após 2018. O míssil antinavio hipersônico Tsirkon entrou em serviço em 2023 e foi testado lançado por terra contra a Ucrânia.

A nova estrela da turma é o Orechnik, um míssil balístico de alcance intermediário que causou furor em novembro do ano passado ao ser lançado contra o vizinho. Belarus diz que receberá um regimento em dezembro.

Fonte: Folha de São Paulo

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