O Hamas confirmou nesta segunda-feira (29) que Abu Obeida, porta-voz das Brigadas al-Qassam, braço armado do grupo terrorista, e o então chefe de Gaza Mohammed Sinwar foram mortos na guerra com Israel no início deste ano.
O Exército israelense disse em maio que havia matado Sinwar, o irmão mais novo do ex-líder do Hamas Yahya Sinwar, um dos fundadores da ala militar da facção, que também foi morto em 2024. Três meses depois da morte de Mohammed Sinwar, Tel Aviv anunciou que também havia matado Abu Obeida.
A confirmação ocorre em meio às negociações para a segunda fase do cessar-fogo na Faixa de Gaza, enquanto os Estados Unidos pressionam Israel e o Hamas a avançar no acordo de paz. Nesta segunda (29), o premiê Binyamin Netanyahu se reúne com Donald Trump no resort de Mar-a-Lago, na Flórida.
Em agosto, um funcionário palestino disse à rede Al Arabiya que Israel havia atingido um apartamento em Gaza onde estava Obeida. Pouco depois, a morte do porta-voz foi anunciada pelo ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, em uma publicação no X.
“O porta-voz do grupo terrorista Hamas, Abu Obeida, foi eliminado em Gaza e enviado para se encontrar com todos os fracassados do ‘eixo do mal’ do Irã, Gaza, Líbano e Iêmen, no fundo do inferno”, escreveu Katz na época.
Obeida, um nome de guerra, aparecia com frequência em vídeos divulgados pelo Hamas. De acordo com o jornal Times of Israel, sua identidade verdadeira era Hudayfa Samir Abdallah al-Kahlout.
Sobre a morte de Mohammed Sinwar, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, não especificou quando o líder teria morrido, mas a imprensa israelense e a árabe já haviam publicado relatos de seu assassinato semanas antes da confirmação da morte em 28 de maio. Os canais sauditas Al-Hadath e Al-Arabiya, por exemplo, afirmaram, no dia 18 de maio, que seu corpo e os de dez de seus assessores teriam sido encontrados em um túnel em Khan Yunis, no sul de Gaza.
O ataque que o teria alvejado atingiu o Hospital Europeu da cidade, matando 16 pessoas e ferindo 70, de acordo com autoridades de saúde do território.
De acordo com especialistas, Mohammad ascendeu de forma emergencial dentro da facção palestina, após uma sucessão de mortes na cúpula do grupo de julho a outubro de 2024. Tel Aviv praticamente eliminou as lideranças da facção palestina nesse período.
Além de Yahya, irmão mais velho de Mohammed, também foram assassinados no período os líderes das alas política e militar do Hamas, Ismail Haniyeh —a quem o “açougueiro de Khan Yunis”, como Yahya era conhecido, sucedeu— e Mohammed Deif. Antes disso, os braços direitos de Deif e Haniyeh haviam sido mortos: Saleh al-Arouri, vice-chefe político, em janeiro, e Marwan Issa, vice-comandante, em março.
A ofensiva de Israel no território palestino matou mais de 71 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde do território. A guerra começou após os ataques terroristas liderados pelo Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, que deixou cerca de 1.200 mortos, de acordo com dados israelenses.
Futuro da guerra
O primeiro-ministro de Israel reúne-se nesta segunda-feira (29) com Donald Trump, na Flórida, em meio à pressão dos Estados Unidos para avançar à segunda fase do cessar-fogo na Faixa de Gaza. O encontro ocorre enquanto Washington demonstra preocupação com a demora de Israel e do Hamas em cumprir o acordo.
Segundo o governo israelense, Netanyahu pretende discutir a continuidade da trégua, defendendo o desarmamento do Hamas e a desmilitarização de Gaza, mas também deve tentar deslocar o foco da conversa para o Irã, pressionando por uma postura mais dura dos EUA contra o programa nuclear de Teerã.
