Mais de 600 crianças menores de 2 anos foram atendidas em unidades hospitalares na França devido a violência sexual em 2024, segundo um relatório do governo divulgado nesta quinta-feira (20).
O documento, elaborado pela Minprof (Missão Interministerial para a Proteção das Mulheres), aponta ainda que mais de três mulheres foram vítimas de feminicídio ou tentativa de feminicídio por dia. O tema de agressões sexuais domina as manchetes na França há meses devido a casos chocantes que vieram à tona recentemente.
Um deles é o de Gisèle Pelicot, que foi violentada por dezenas de homens ao longo de anos enquanto estava sedada pelo marido sem seu consentimento. Outro é o do ex-cirurgião Joël Le Scouarnec, condenado em maio por estuprar ou agredir sexualmente quase 300 pacientes, em sua maioria menores, entre 1989 e 2014.
Em 2024, “614 crianças de 0 a 2 anos foram atendidas por fatos de violência sexual, o que representa 2% do total de vítimas” recebidas nestas unidades hospitalares especializadas, segundo a Miprof. No total, 73.992 vítimas de violência sexual e de gênero foram atendidas em uma dessas unidades no ano passado —quase 9.000 a mais que em 2023, segundo este relatório anual.
De acordo com a Comissão Independente sobre o Incesto e a Violência Sexual, cerca de 160 mil menores são vítimas de violência sexual a cada ano na França. Para 22% das vítimas, ou seja, quase um quarto dos casos, os primeiros estupros ou agressões sexuais começaram entre o nascimento e os 5 anos, segundo o órgão.
A Miprof publicou seu relatório devido ao Dia Internacional de Luta contra a Violência Machista, que se celebra em 25 de novembro. Em 2024, 107 mulheres foram vítimas de feminicídios conjugais.
