O físico português Nuno Loureiro, diretor de um laboratório do Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, foi assassinado a tiros em Boston, anunciou na terça o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
De acordo com a emissora NBC Boston, que cita a polícia local, Loureiro, 47, foi baleado na noite de segunda-feira (15) à porta da sua casa na rua Gibbs, em Brookline, no estado de Massachusetts.
A vítima, que foi baleada três vezes e sofreu um quarto ferimento de raspão, foi depois transportada para o Centro Médico Beth Israel Deaconess, um hospital em Boston, onde acabou por morrer na manhã de terça-feira. Ele deixa a sua mulher, três filhas, um irmão e a mãe.
O caso está sendo investigado como um homicídio, não tendo as autoridades revelado, até agora, qualquer informação sobre eventuais suspeitos ou detenções.
Nuno Loureiro, professor de Ciência e Engenharia Nuclear e de Física, dirigia o Centro de Ciência do Plasma e Fusão, um dos maiores laboratórios do MIT, desde maio de 2024. O site do MIT descreve Nuno Loureiro como “um físico teórico com interesses que abrangem desde a fusão por confinamento magnético à física fundamental de plasmas e à astrofísica de plasmas”.
Antigo aluno do Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, onde se formou em física em 2000, obteve o seu doutoramento no Imperial College de Londres em 2005. Antes de se juntar ao corpo docente do MIT em 2016, Nuno Loureiro, que recebeu vários prêmios de física ao longo da sua carreira, foi investigador no Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN) do IST, em Lisboa.
Uma publicação do Departamento de Ciência e Engenharia Nuclear do MIT, onde o físico português lecionava, destaca ainda o interesse de Nuno Loureiro “em diversos aspectos fundamentais da dinâmica de plasmas magnetizados, como a reconexão magnética, geração e amplificação de campos magnéticos, confinamento e transporte em plasmas de fusão e turbulência em plasmas fortemente magnetizados e fracamente colisionais”.
Nos Estados Unidos, em 2017, recebeu o Prêmio Carreira da Fundação Nacional de Ciência e, mais recentemente, em 2025, o Prêmio Presidencial de Início de Carreira para Cientistas e Engenheiros, atribuído em janeiro pelo então presidente Joe Biden.
Em comunicado citado pela Lusa, o IST e o IPFN lembram o “colega brilhante com quem era um prazer científico e pessoal colaborar” e “lamentam profundamente a notícia da morte do cientista” , dizendo ainda que amigos e colegas “estão profundamente consternados pelo seu desaparecimento prematuro”.
Também o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou na terça “profundo pesar” pela morte prematura de Loureiro, que representa “uma perda irreparável para a ciência e para todos os que com ele trabalharam e conviveram”, considerando que o pesquisador português se distinguiu “pelo seu rigor intelectual, pela dedicação incansável à ciência e pelo contributo relevante que deixou na área da física”.
“Para além do mérito profissional, era reconhecido pelo seu espírito colaborativo, generosidade no partilhar de conhecimento e compromisso com o progresso científico”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.




