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Eleições em 2026 testam Trump, América do Sul e Netanyahu – 27/12/2025 – Mundo

O ano de 2026 será marcado por eleições importantes na América Latina, nos Estados Unidos e em Israel, em meio a um cenário de guerra e de avanço de agendas intervencionistas.

Nos EUA, as eleições de meio de mandato, as chamadas midterms, funcionarão como um teste para o segundo mandato de Donald Trump e serão decisivas para a agenda do governo. A população vai às urnas em novembro para renovar a Câmara dos Representantes, 35 das 100 cadeiras do Senado, além de governadores e outros cargos estaduais e locais.

A disputa é especialmente relevante porque os republicanos têm atualmente uma maioria estreita, de apenas três assentos, na Câmara. Historicamente, as midterms costumam favorecer o partido fora do poder na Casa Branca. A batalha, em certa medida, começou ainda neste ano, com a tentativa de redesenhar mapas distritais.

A prática, conhecida como “gerrymandering”, busca criar maiorias artificiais ao reformular distritos eleitorais e, assim, ajudar a eleger deputados que não venceriam. Governadores de estados controlados tanto por democratas como por republicanos entraram na disputa, que em alguns casos chegou à Justiça.

Sem maioria, Trump pode ter dificuldades para governar e para sustentar sua política externa, sobretudo em regiões como a América Latina, onde lidera uma campanha militar que reforça o ressurgimento da Doutrina Monroe. No último dia 17, por exemplo, a Câmara barrou, mas por uma margem estreita, duas resoluções que buscavam limitar a atuação do presidente contra a Venezuela.

O resultado das midterms, portanto, tende a irradiar sobre a América Latina, onde países como Brasil, Colômbia e Peru também irão às urnas sob influência e pressão de Washington, segundo especialistas.

“A promoção de governos conservadores, de direita ou de ultradireita, faz parte de um plano mais amplo da gestão Trump”, afirma o cientista político Rafael Villa, professor da USP (Universidade de São Paulo). Candidatos ideologicamente alinhados ao republicano tenderiam a receber apoio político, enquanto adversários seriam alvo de pressão, afirma.

“Na Colômbia, é esperado que Trump exerça forte pressão para tentar promover uma mudança de governo em direção a um setor mais conservador”, diz Villa. O presidente Gustavo Petro é um dos líderes regionais mais críticos à investida americana na América Latina e já foi alvo de sanções do governo Trump. Os EUA, por sua vez, acusam o governo colombiano de conivência com o comércio ilícito de drogas.

Petro, apesar de ocupar posição oposta à de Trump no espectro ideológico, compartilha com o americano o estilo marcado por longos e polêmicos posts em redes sociais e por confrontos públicos. O ex-guerrilheiro também é acusado de aprofundar a polarização no país, discurso que ganhou força após a morte do senador e pré-candidato à Presidência Miguel Uribe, vítima de um atentado neste ano.

Primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia, Petro teve um mandato conturbado, marcado pela troca de mais de 50 ministros em três anos e pela dificuldade de aprovar reformas prometidas. No início deste mês, declarou emergência econômica por 30 dias após o Congresso rejeitar, pela terceira vez, uma proposta de reforma tributária apresentada pelo Executivo.

Como a legislação colombiana não permite reeleição, o principal nome da coalizão de esquerda para o pleito de maio deverá ser o senador Iván Cepeda. “É muito provável que haja uma substituição por um governo conservador, ligado aos setores tradicionais do país. Isso ocorre tanto pela forte polarização social e econômica quanto pelos próprios erros do governo Petro”, completa Villa.

Segundo o pesquisador, essa tendência não se limita à Colômbia e se estende por outros governos da região. O Peru é outro país que enfrenta uma longa crise de instabilidade política e tensão social. Com a destituição de Dina Boluarte após três anos de governo, o país chega ao seu sétimo presidente em menos de uma década. Keiko Fujimori, filha do ditador Alberto Fujimori (1938–2024), anunciou em outubro que tentará, pela quarta vez, chegar à Presidência.

“A força hegemônica no país segue sendo o fujimorismo. Eles dominam grande parte do eleitorado, têm forte presença no Congresso e amplo apoio entre as classes média e alta de Lima. São politicamente muito organizados”, afirma Villa. Bastou, por exemplo, que o grupo político de Keiko se voltasse contra Boluarte para que a presidente fosse derrubada.

“A principal hipótese é que o fujimorismo volte ao poder nas próximas eleições”, diz. O Peru vai às urnas em abril, com um número recorde de 34 candidatos presidenciais registrados.

Já a Costa Rica, que terá eleições presidenciais em fevereiro, apresenta um cenário mais estável. O país enfrenta, no entanto, um aumento da criminalidade, que deve figurar entre os principais temas da campanha. O atual presidente, Rodrigo Chaves Robles, não pode disputar a reeleição.

Aliado histórico dos EUA, Israel também chegará a 2026 com um pleito previsto para outubro. Os eleitores escolherão os membros do Knesset, o Parlamento israelense, em um cenário político marcado pela guerra em Gaza e pela instabilidade institucional.

O premiê Binyamin Netanyahu, o mais longevo da história do país, governou sob intensa pressão interna e externa nos últimos anos, em particular devido à condução do conflito. Sua coalizão, a mais à direita já formada em Israel, esteve perto de ruir após conflitos com partidos ultraortodoxos e tentativas de dissolução do Parlamento, mas sobreviveu.

Com 17 anos não consecutivos no poder, Netanyahu já afirmou que pretende disputar novamente o cargo. Mesmo após o acordo de cessar-fogo e a liberação de reféns pelo Hamas, pesquisas indicam que sua coalizão não teria cadeiras suficientes para formar um novo governo —impasse que também atinge a oposição.

O cenário reacende o risco de repetição do período de 2019 a 2022, quando Israel realizou cinco eleições em pouco mais de três anos e foi governado, na maioria desse tempo, por administrações provisórias.

Fonte: Folha de São Paulo

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