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Duque: EUA precisam realizar intervenção na Venezuela – 06/11/2025 – Mundo

O ex-presidente da Colômbia Iván Duque, importante líder da direita latino-americana, defende uma intervenção “militar e humanitária” do governo dos Estados Unidos contra a ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela.

Em meio a relatos da imprensa americana de que o presidente Donald Trump avalia intensificar a campanha militar para tirar Maduro do poder, Duque avalia que o autocrata coloca a segurança do hemisfério ocidental em risco “por seus vínculos com o narcotráfico internacional” e pela crise migratória causada pelo êxodo de venezuelanos nos últimos anos.

Duque está na Argentina participando do 1º Fórum de Buenos Aires, promovido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes. Na tarde desta quinta-feira (6), fez uma fala sobre a realidade geopolítica na América Latina e, poucas horas antes de embarcar para Belém para participar da COP30, conversou com a Folha por videoconferência.

Qual a principal mensagem desta sua viagem à Argentina e ao Brasil?

O principal ponto é reforçar o papel da Justiça na proteção da democracia. Tenho dito que hoje existem alguns “ismos” que a ameaçam: o populismo, o isolacionismo, o autoritarismo e a intervenção do Poder Executivo nos demais Poderes. Faço essa enumeração porque creio que os países, para proteger sua democracia, precisam blindar-se da politização da Justiça e da judicialização da política.

Creio que o papel das cortes é muito importante para proteger as liberdades econômicas e a liberdade de expressão, que por sua vez é necessária para proteger a população das tentações autoritárias que temos visto em vários países. Essa tentação vem da esquerda e da direita —populismo e autoritarismo são inimigos, venham do lado que venham.

O sr. se declara um fã de Simón Bolívar. Como vê a apropriação da imagem dele por líderes de esquerda atuais na América Latina?

Eu sou bolivariano, mas reivindico o Bolívar histórico. Além disso, há uma diferença muito grande em como os colombianos veem Bolívar e o resto da região.

O Bolívar dos colombianos foi um homem que defendeu as liberdades econômicas e acreditava no investimento no aparato produtivo, na estabilidade monetária, que acreditava que deveria haver intercâmbios entre países, era o oposto dos que se dizem bolivarianos nos nossos dias. O Bolívar histórico acreditava na separação de Poderes e é nesse sentido que sou bolivariano. É preciso combater a expropriação que a extrema esquerda demagógica quer fazer de sua imagem.

Já que estamos falando do outro lado da fronteira colombiana, o que achou do Nobel da Paz para María Corina Machado?

Não entendo a polêmica em torno do Nobel a ela. Houve muitos prêmios Nobel dados a grandes promotores de violência.

No caso de Machado, creio que foi muito bonito ver a forma tão humilde e tão simples como ela o aceitou, dando crédito a sua equipe. E espero mesmo que ela use o prêmio como plataforma para defender a causa de seu país e a resistência democrática.

É importante também para relembrar a região de que não pode mais haver espaço para esse delinquente no poder na Venezuela. Maduro é o Slobodan Milošević [líder sérvio responsável pelo genocídio da Bósnia] dos nossos tempos.

O sr. apoia uma intervenção militar dos EUA na Venezuela?

Sim, apoio. Por que é que, quando Obama entra no Paquistão para matar Osama bin Laden, todos o aplaudem, mas se é para entrar na Venezuela para tirar Maduro do poder, isso é um abuso? Eu não vejo diferença. Deve ser feito. É urgente uma intervenção militar e humanitária na Venezuela.

Além de fazer sofrer a população venezuelana, Maduro coloca em risco a segurança hemisférica por seus vínculos com o narcotráfico internacional e por ser o maior detonador da migração massiva de sua população.

Qual sua posição com relação aos bombardeios americanos contra embarcações no Caribe?

Creio que se está fazendo neste caso uma tempestade em copo d’água. O que acontece se um avião sobrevoa um país sem estar autorizado? Deve ser derrubado, não? Esses barcos estavam comprovadamente levando drogas, segundo a inteligência americana. No Caribe está ocorrendo a mesma coisa, não há nada novo aí.

Sim, mas por que quase todos os barcos atacados vieram da Venezuela, quando a maioria das drogas que vão aos EUA saem da Colômbia, do Peru?

Sim, a maior parte da produção de cocaína vem da Colômbia, mas tem havido ataques no Pacifico também, não creio que sejam seletivos com relação ao país de origem. A questão é a atenção midiática que os que saem da Venezuela recebem. Além disso, a Venezuela há tempos tem dado proteção e facilidade ao narcoterrorismo que circula pelo Caribe.

Na COP, o senhor participa da Aliança Global pela Biodiversidade, liderada pelo presidente da Guiana Irfaan Ali. Qual a intenção do encontro?

Espero poder contribuir com sugestões de ferramentas financeiras que permitam que os países possam ter acesso a créditos de biodiversidade, de carbono, etc.

Quem tem feito melhor trabalho na preservação da Amazônia, Brasil ou Colômbia?

A Amazônia de ambos países é muito diferente. A do Brasil tem mais cidades, desenvolvimento econômico, então o desafio é mais difícil, mas ainda assim acho que do lado brasileiro o trabalho de diminuir a devastação tem sido melhor atingido.

As cidades amazônicas do Brasil são muito mais complexas, como Belém e Manaus, com seus milhões de habitantes. Do lado colombiano, se você comparar com cidades como Pucallpa, Ten, ou Puerto Nariño, estamos falando de centros urbanos muito pequenos. Mas o tema da preservação é de vários países e isso deve ser discutido na COP com seriedade.

E como anda sua relação com o atual presidente da Colômbia? E se o senhor se encontrar com ele em Belém?

Não há relação e não me encontro com ele desde o dia em que tomou posse na Casa de Nariño. Não pretendo me encontrar nem falar com ele.


RAIO-X

Iván Duque, 49

Advogado e ex-senador, foi presidente da Colômbia de 2018 a 2022. Foi porta-voz do “não” no plebiscito sobre os Acordos de Paz no país. Com posições liberais na economia, foi eleito pelo Centro Democrático, partido que se define como de centro, mas é considerado de direita.

Fonte: Folha de São Paulo

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