O presidente da Argentina, Javier Milei, apresentou seis caças F-16 comprados da Dinamarca neste sábado (6). Na cerimônia oficial de entrega das aeronaves, o ultraliberal subiu em um dos aviões de combate e os definiu como “anjos protetores” que fortalecerão as Forças Armadas do país.
As aeronaves são parte dos 24 caças F-16 comprados por cerca de US$ 300 milhões no ano passado. A Casa Rosada considerou a compra à época como a “aquisição militar mais importante dos últimos 50 anos de história argentina”.
“Depois de uma ansiosa espera, tenho finalmente atrás de mim os primeiros seis aviões de combate F-16. Com esse importante investimento em armamento militar, vamos fortalecer substancialmente nossa Força Aérea”, disse Milei na cidade de Río Cuarto, onde fica uma base militar argentina, a cerca de 600 quilômetros de Buenos Aires.
Ao encerrar o ato solene, o presidente argentino, vestido de terno e gravata, subiu em um dos F-16 que antes de chegar a Río Cuarto haviam sobrevoado a baixa altitude lugares emblemáticos da capital argentina, como a Casa Rosada e o Obelisco.
Além de Milei, sua irmã, Karina Milei, secretária-geral da Presidência, e Luis Petri, ministro da Defesa, subiram no avião de combate. Em agosto, Karina esteve envolvida em um escândalo após a revelação de áudios que revelavam suposto esquema de corrupção na compra de medicamentos.
“Centenas de milhares de argentinos puderam levantar o olhar e ver pela primeira vez seus anjos protetores cruzando o céu”, afirmou Milei. Os F-16 “são os novos guardiões do espaço aéreo argentino”, disse.
A compra dos 24 aviões de combate foi formalizada em abril de 2024 durante uma visita de Petri a uma base dinamarquesa.
Os F-16 substituirão os franceses Mirage, protagonistas do sistema de defesa da Argentina, cujos últimos exemplares foram inutilizados em 2017 após quatro décadas no ar. A Dinamarca vendeu os F-16 em meio a uma modernização de sua frota aérea, que incorporou caças F-35.
No ato em Río Cuarto, Milei aproveitou para defender a escolha do general Carlos Alberto Presti, primeiro militar a liderar a pasta da Defesa desde o fim da ditadura militar, no lugar de Petri, que passará a ocupar uma cadeira de deputado no Congresso argentino.
“Não procuramos nomear aqueles que se saem melhor em frente às câmeras, mas sim aqueles que mais conhecem o assunto”, afirmou. Carlos Presti é filho de Roque Presti, que comandou o 7º Regimento de Infantaria de La Plata durante o regime ditatorial que governou o país de 1976 a 1983.
A Argentina viveu uma das mais sangrentas ditaduras da América do Sul. Organizações de direitos humanos estimam que o regime deixou cerca de 30 mil desaparecidos e mais de 400 bebês sequestrados enquanto suas mães eram mantidas em cativeiro, dos quais 140 recuperaram suas identidades décadas depois, graças ao trabalho do sistema judiciário e da associação Avós da Praça de Maio.
A busca, no entanto, continua, e centenas de julgamentos contra ex-agentes do regime ainda estão em curso nos tribunais. Já houve mais de mil condenações por crimes contra a humanidade.
O presidente ultraliberal ainda culpou os governos anteriores, de esquerda, por terem, em suas palavras, deixado o país sem defesa e se voltarem contra as Forças Armadas após a “tragédia nacional” que significou a ditadura. Milei disse que seu governo está decidido a “retificar décadas de maus-tratos”.
“Num esforço para tirar proveito político de uma tragédia nacional como a última ditadura militar, o kirchnerismo, nas últimas décadas, dedicou-se a demonizar as nossas Forças Armadas e a prejudicar a relação entre elas e a sociedade”, criticou.
“Toda essa fragmentação básica e evidente foi repudiada pelo kirchnerismo. Eles falaram muito sobre soberania durante décadas, mas nos entregaram um país pobre e indefeso. Para eles, soberania é uma grande favela decorada com bandeiras argentinas”, afirmou o mandatário.




