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Agentes buscam deportar afegãos após ataque em Washington – 03/12/2025 – Mundo

O governo de Donald Trump está priorizando a deportação de cidadãos afegãos que já tinham recebido ordem de deixar os Estados Unidos, como parte de uma repressão mais ampla aos refugiados do Afeganistão após o ataque contra dois soldados da Guarda Nacional em Washington, de acordo com documentos internos analisados pelo jornal The New York Times.

“Tornou-se vital revisar a população de cidadãos afegãos”, escreveu um funcionário da Agência de Imigração e Alfândega (ICE) em email enviado aos departamentos locais do órgão em 29 de novembro —três dias após o ataque.

O email dizia que os agentes do ICE foram encarregados de “localizar e prender” mais de 1.860 afegãos em todo o país que receberam ordens finais de deportação de um juiz de imigração, mas que não estavam atualmente detidos. Essas instruções se espalharam pelos escritórios locais do ICE esta semana, e os agentes federais foram instruídos a se concentrar em rastrear e prender cidadãos afegãos, de acordo com duas pessoas familiarizadas com a diretiva, que falaram sob condição de anonimato para descrever as discussões internas.

Além disso, funcionários do ICE e dos Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos têm trabalhado para garantir que os afegãos admitidos nos EUA sejam “devidamente investigados”, afirmam os documentos.

A medida faz parte da resposta do presidente Trump a um tiroteio na semana passada que matou um membro da Guarda Nacional e deixou outro em estado crítico. O homem acusado do tiroteio é um imigrante afegão chamado Rahmanullah Lakanwal, 29, que serviu em uma unidade paramilitar apoiada pela CIA no Afeganistão.

Lakanwal, que teria sofrido de problemas de saúde mental após sua experiência de combate, foi um dos mais de 190 mil afegãos reassentados nos Estados Unidos desde 2021 por meio de programas criados pelo governo de Joe Biden para ajudar os aliados dos EUA que fugiram da tomada do poder pelo Talibã.

Desde o tiroteio, Trump intensificou sua postura agressiva contra os migrantes e acusou seu antecessor de não ter feito uma triagem adequada das pessoas que chegaram ao país por meio dos programas. Lakanwal chegou aos EUA em setembro de 2021 por meio de um programa chamado Operação Aliados Bem-Vindos. Ele recebeu asilo em abril, durante o governo Trump.

Autoridades do governo Biden afirmaram que os cidadãos afegãos que chegaram por meio desta operação foram devidamente avaliados e selecionados. Os republicanos apontaram para um relatório do inspetor-geral que posteriormente encontrou falhas significativas no processo.

Nos últimos dias, o governo Trump suspendeu todos os pedidos de asilo e parou de emitir vistos para pessoas do Afeganistão; iniciou uma revisão de todos os casos de asilo que foram aprovados durante o governo Biden; e disse que reexaminaria os green cards emitidos para pessoas de 19 países.

Juntas, as decisões podem remodelar radicalmente a política de imigração americana, restringindo a capacidade dos migrantes de entrar e viver legalmente nos EUA.

Os porta-vozes da Casa Branca e do Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês), que supervisiona o ICE, não responderam imediatamente aos pedidos de comentários sobre as novas medidas de fiscalização focadas nos afegãos.

Eles não são o único grupo étnico especificamente visado pelo governo Trump para a aplicação da lei de imigração. O ICE também está iniciando uma operação voltada principalmente para centenas de imigrantes somalis sem status legal na região de Minneapolis.

Mas o governo está particularmente focado nos refugiados do Afeganistão. Os escritórios locais da agência foram instruídos a enviar relatórios diários descrevendo quantos afegãos estão sendo removidos, presos e investigados, mostram os documentos obtidos pelo jornal.

No passado, o ICE adotava uma “abordagem mais individualizada com base no risco à segurança nacional”, em vez de visar amplamente membros de grupos étnicos sem informações específicas, de acordo com Claire Trickler-McNulty, ex-funcionária do departamento que atuou nos governos democrata e republicano.

Funcionários do DHS afirmam que não visam pessoas com base na etnia. Shawn VanDiver, presidente da #AfghanEvac, uma coalizão de grupos que ajudam afegãos a imigrar, disse que os esforços atuais equivalem a uma “punição coletiva” e são um “desperdício colossal de recursos”. “Esta não é uma resposta adequada a este crime hediondo”, disse VanDiver.

Fonte: Folha de São Paulo

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