O principal partido pró-militar de Mianmar está a caminho de formar maioria na primeira fase das eleições organizadas pela junta militar, informou nesta segunda-feira (29) à AFP um membro da sigla.
Organizações pró-democracia afirmam que a eleição vai consolidar a junta militar que assumiu o comando no golpe de Estado de 2021, apesar de sua promessa de devolver o poder ao povo mediante as eleições iniciadas neste domingo (28).
O popular, mas dissolvido partido da líder democrática Aung San Suu Kyi não aparece nas cédulas, e ela permanece presa desde o golpe militar, que desencadeou uma guerra civil.
Ativistas, diplomatas ocidentais e o chefe de direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) condenaram as eleições ao citar a repressão de dissidentes e uma lista de candidatos cheia de aliados dos militares.
O Partido da União, Solidariedade e Desenvolvimento (PUSD) vai obter uma maioria de assentos em todo o país, indicou na capital Naypyidaw um funcionário do partido, que pediu para manter o anonimato por não estar autorizado a falar com jornalistas.
A Comissão Eleitoral de Mianmar não divulgou resultados oficiais das eleições, que terão duas fases adicionais, em 11 e 25 de janeiro.
“Minha opinião sobre as eleições é clara: não confio nelas de forma alguma”, afirmou nesta segunda-feira Min Khant, 18, residente em Rangum, antiga capital e maior cidade do país. “Temos vivido sob uma ditadura”, disse. “Ainda que realizem eleições, não acredito que vão trazer algo bom, porque sempre mentem”.
O golpe de 2021 reverteu os resultados das eleições do ano anterior, amplamente vencidas pela Liga Nacional pela Democracia de Suu Kyi frente ao pró-militar PUSD.
O chefe da junta militar, Min Aung Hlaing, afirmou no domingo que “estas são eleições livres e justas”. “Foram organizadas pelos militares, não podemos permitir que nossa reputação seja manchada”.




