O homem mais rico do mundo. O proprietário do time basquete Houston Rockets. A ex-CEO da World Wrestling Entertainment (WWE). Estes são apenas alguns dos 12 bilionários, sem contar o presidente Donald Trump, que ocuparam cargos na gestão do governo republicano nos Estados Unidos neste ano.
No total, eles possuíam um patrimônio de US$ 390,6 bilhões (R$ 2,1 trilhões) até março. Embora gestões anteriores tenham incluído os ultrarricos, a riqueza detida pelo grupo atual é maior até mesmo que a primeira administração Trump, considerada a mais rica da história dos EUA.
Excluindo Elon Musk —que investiu mais de US$ 294 milhões (R$ 1,6 bilhões) em contribuições para impulsionar Trump e outros republicanos em 2024—, os bilionários no governo Trump, junto com seus cônjuges, doaram mais de US$ 52 milhões (R$ 288 milhões) para Trump, PACs (Comitê de Ação Política) pró-Trump e o Comitê Nacional Republicano apenas na campanha de 2024, de acordo com uma análise do jornal The Washington Post.
“Os membros da equipe do presidente Trump são patriotas de fora do sistema,” escreveu a porta-voz da Casa Branca Liz Huston em um comunicado, “com décadas de experiência bem-sucedida no setor privado que agora estão orgulhosamente servindo ao nosso país.” Confira quem são eles:
Trump e o Gabinete
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos
Patrimônio líquido: US$ 5,1 bilhões (R$ 28,2 bilhões)
Em 2017, ano em que Donald Trump tomou posse como presidente pela primeira vez, a Forbes estimou que sua fortuna valia cerca de US$ 3,5 bilhões (R$ 19,3 bilhões), com o patrimônio líquido de Trump caindo, em parte como resultado da diminuição dos lucros de imóveis em Manhattan. O patrimônio líquido dele desde então cresceu para mais de US$ 5 bilhões (R$ 27,7 bilhões) —também como resultado de empreendimentos além do setor imobiliário, como investimentos em criptomoedas e sua plataforma, Truth Social.
Howard Lutnick, secretário de Comércio
Patrimônio líquido: US$ 3,2 bilhões (R$ 17,7 bilhões)
O secretário do Comércio de Trump, Howard Lutnick, foi o CEO por muitos anos da empresa de serviços financeiros Cantor Fitzgerald. Ele e sua esposa não contribuíram para a campanha de Trump em 2016, mas doaram US$ 550 mil (R$ 3 milhões) para Trump, PACs pró-Trump e o Comitê Nacional Republicano para a eleição de 2020. No ciclo de 2024, ele doou US$ 8,8 milhões (R$ 48,7 milhões), e Trump o nomeou um dos presidentes de sua equipe de transição. Neste ano, a família Lutnick contribuiu para o projeto do novo salão de baile da Casa Branca, segundo o governo.
Linda McMahon, secretária de Educação
Patrimônio líquido: US$ 3 bilhões (R$ 16,6 bilhões)
Linda McMahon e seu marido, o ex-presidente da WWE, Vince McMahon, fizeram bilhões transformando a empresa em uma gigante (eles se separaram, disse o advogado dela ao Washington Post). Linda está liderando o Departamento de Educação, que Trump prometeu eliminar —embora ela tenha reconhecido que seria necessária ação do Congresso para fazê-lo. Ainda assim, a secretária tomou medidas para desmantelar o órgão.
Linda serviu por cerca de apenas um ano no conselho escolar estadual de Connecticut antes de renunciar para concorrer sem sucesso ao Senado em 2010, disputando a vaga novamente em 2012.
Mas seu apoio a Trump a aproximou dos holofotes. Ela e seu marido doaram mais de US$ 47 milhões (R$ 260,1 milhões) para Trump, PACs pró-Trump e o comitê do partido desde 2015, de acordo com uma análise do Washington Post sobre registros de financiamento de campanha. Ela serviu como gestora da Administração de Pequenas Empresas no primeiro mandato de Trump, presidiu um super PAC a favor do republicano em 2020 e também foi uma das presidentes da equipe de transição de Trump no ano passado.
Steve Witkoff, assistente do presidente e enviado especial para o Oriente Médio e Ucrânia
Patrimônio líquido: US$ 2 bilhões (R$ 11 bilhões)
Há 39 anos, Donald Trump esqueceu sua carteira durante uma visita a uma delicatessen de Nova York. Steve Witkoff comprou-lhe um sanduíche. Agora, Witkoff —um advogado que se tornou magnata bilionário do setor imobiliário— é o enviado especial de Trump para as missões de mediação de conflitos globais do presidente. Ele esteve envolvido no acordo de cessar-fogo entre Hamas e Israel, além de conversas sobre a guerra na Ucrânia.
Grande parte da riqueza de Witkoff vem de sua empresa de desenvolvimento imobiliário, segundo a revista Forbes. Quando a empresa de criptomoedas World Liberty Financial divulgou um documento corporativo em outubro de 2024, afirmou que as famílias Trump e Witkoff tinham interesses financeiros no empreendimento.
Witkoff contribuiu com pelo menos US$ 200 mil (R$ 1,1 milhão) para Trump, PACs pró-Trump e o comitê em todos os ciclos eleitorais desde 2016. Ele doou US$ 930 mil (R$ 5,1 milhões) em 2020. Como sinal do relacionamento duradouro da família com o presidente, o filho de Witkoff, Zach, deu o nome de Trump ao seu filho no ano passado.
Kelly Loeffler, administradora da Agência de Pequenos Negócios
Patrimônio líquido: US$ 1,3 bilhão (R$ 7,2 bilhões)
Kelly Loeffler e seu marido, Jeff Sprecher, trabalharam juntos na Intercontinental Exchange, a empresa financeira que Sprecher fundou e administra. Nas duas décadas após a empresa abrir capital em 2005, a companhia adquiriu a Bolsa de Valores de Nova York e Loeffler tornou-se senadora dos EUA.
Quando uma das cadeiras do S enado da Geórgia ficou vaga no final de 2019, o governador Brian Kemp nomeou Loeffler para o cargo, embora ela não fosse a escolha de Trump para o trabalho. Ela ocupou a função por cerca de um ano.
Loeffler e Sprecher doaram menos de US$ 100 mil (R$ 553 mil) para Trump, PACs pró-Trump e o comitê republicano em 2016; esse número disparou para US$ 1,9 milhão (R$ 10,5 milhões) em 2020 e US$ 7,1 milhões (R$ 39,3 milhões) em 2024. Sprecher contribuiu com US$ 1 milhão (R$ 5,54 milhões) para a posse de Trump em 2025, e o casal contribuiu com um total de US$ 5 milhões (R$ 27,6 milhões) para um PAC pró-Trump em junho. Eles também contribuíram para o projeto do salão de baile da Casa Branca de Trump este ano.
Doge (Departamento de Eficiência Governamental)
Elon Musk, líder do Doge (renunciou no final de maio)
Patrimônio líquido: US$ 342 bilhões (R$ 1,9 trilhões)
Musk, o homem mais rico do mundo, gastou US$ 294 milhões (R$ 1,6 bilhões) para impulsionar Trump e outros republicanos durante o ciclo eleitoral de 2024. Durante meses, ele ocupou um cargo na Casa Branca como parte do Doge. Mas o tempo de Musk como “funcionário especial do governo” terminou em meio a uma briga pública com Trump.
Musk e Trump parecem estar se falando novamente. No entanto, não está claro se ele continuará a gastar para impulsionar os republicanos.
Joe Gebbia, diretor de design
Patrimônio líquido: US$ 8,3 bilhões (R$ 45 bilhões)
Um dos fundadores do Airbnb, Joe Gebbia ingressou pela primeira vez na gestão Trump como parte do Doge, onde trabalhou na reformulação do sistema federal de aposentadoria. Agora, ele é o diretor de design do governo dos EUA, um cargo que Trump criou (e rapidamente escolheu Gebbia para ocupar) em agosto. Gebbia disse que sua diretriz é “atualizar os serviços governamentais atuais para serem tão satisfatórios de usar quanto a Apple Store: lindamente projetados, ótima experiência do usuário, executados em software moderno”.
As cores políticas de Gebbia mudaram ao longo dos anos. Em uma postagem no X na véspera da posse de Trump em 2025, estilizada como uma carta para seu “eu mais jovem”, Gebbia escreveu que primeiro votou em Al Gore em 2000, mas “aqueles democratas em quem você votou a vida toda não são o mesmo partido que costumavam ser”. Gebbia, que contribuiu financeiramente com democratas, escreveu que fez sua própria pesquisa e descobriu que Trump “não é um fascista determinado a destruir a democracia”.
Antonio Gracias, voluntário do Doge (saiu em julho)
Patrimônio líquido: US$ 2,2 bilhões (R$ 12,1 bilhões)
O fundador e CEO da Valor Equity Partners, Antonio Gracias, é um aliado de longa data de Musk que trabalhou ao lado dele no Doge, onde, como “funcionário especial do governo”, analisou a Previdência Social. Neste ano, ele apareceu ao lado de Musk em um evento em Wisconsin, onde os dois bilionários fizeram afirmações imprecisas sobre a Previdência que buscaram reformular.
Gracias foi um dos primeiros apoiadores da Tesla e também investiu na SpaceX. Gracias contribuiu com US$ 1 milhão (R$ 5,54 milhões) para um super PAC pró-Trump dias antes da posse deste ano; ele também contribuiu com US$ 1 milhão para o America PAC de Musk. Gracias historicamente contribuiu para democratas, como Barack Obama, Hillary Clinton, Joe Biden e o senador Adam Schiff (Califórnia).
Departamento de Estado, Pentágono e Comissão de Valores Mobiliários
Tilman Fertitta, embaixador na Itália e em San Marino
Patrimônio líquido: US$ 11,3 bilhões (R$ 62,5 bilhões)
O restaurateur Tilman Fertitta é talvez a única estrela de reality show nesta lista —além de Trump. Ele foi a estrela do “Billion Dollar Buyer” da emissora CNBC de 2016 a 2018. Grande parte de sua riqueza vem da Fertitta Entertainment, que possui a Landry’s, Golden Nugget Hotels and Casinos e o time da NBA Houston Rockets.
No primeiro mandato de Trump, Fertitta visitou a Casa Branca durante a pandemia de Covid-19 para pressionar o presidente a “adicionar uma categoria” ao Programa de Proteção de Pagamento para o “grande restaurateur privado”, relatou anteriormente o Washington Post. Na época, Trump disse que Fertitta era um “amigo” e que seus restaurantes “me pagaram aluguel por muito tempo.”
Fertitta e sua esposa contribuíram com cerca de US$ 1 milhão (R$ 5,54 milhões) para Trump, PACs pró-Trump e o comitê republicano nas eleições de 2024. Ele também contribuiu com US$ 1 milhão para a posse de Trump em 17 de dezembro, quatro dias antes de Trump anunciar sua seleção como embaixador.
Melinda Hildebrand, embaixadora na Costa Rica
Patrimônio líquido: US$ 7,7 bilhões (R$ 42,6 bilhões)
Melinda “Mindy” Hildebrand —que é casada com Jeffery Hildebrand, fundador da gigante de perfuração de petróleo Hilcorp Energy— foi presidente da Fundação Hildebrand, uma organização familiar com mais de US$ 130 milhões em ativos no final de 2024.
Os Hildebrands são influentes no Texas, onde Jeffery fez parte da Comissão de Parques e Vida Selvagem e do Conselho de Regentes do Sistema da Universidade do Texas, e participaram de um conselho consultivo especial em 2020 para o governador Greg Abbott. Eles contribuíram com um total de US$ 1 milhão (R$ 5,54 milhões) para a posse de Trump em 11 de dezembro; o presidente anunciou sua nomeação em fevereiro.
Stephen Feinberg, vice-secretário do Departamento de Defesa
Patrimônio líquido: US$ 5 bilhões (R$ 27,7 bilhões)
Stephen Feinberg é co-fundador da Cerberus Capital Management, um gigante do private equity. A declaração financeira de Feinberg, que ele teve que apresentar para cumprir as regras de ética, estendeu-se por mais de 1.800 páginas com anexos —mais longa do que qualquer outro bilionário nomeado para um cargo na gestão Trump.
Feinberg é vice-secretário de Defesa, o segundo cargo civil mais alto do Pentágono. Ele não fez contribuições substanciais para Trump na preparação para a eleição de 2024. Mas ele e sua esposa anteriormente deram apoio financeiro ao presidente e seus aliados, contribuindo com US$ 2,1 milhões (R$ 11,6 milhões) em 2016 e US$ 1,7 milhão (R$ 9,4 milhões) em 2020 para Trump, comitês pró-Trump e o comitê nacional do Partido Republicano.
Warren Stephens, embaixador no Reino Unido
Patrimônio líquido: US$ 3,4 bilhões (R$ 18,8 bilhões)
Warren Stephens dirigiu a Stephens Inc., uma empresa financeira que foi fundada pelo tio de Stephens e posteriormente administrada por seu pai.
Stephens tem um histórico de contribuições tanto para os oponentes de Trump quanto para comitês pró-Trump. Em 2016, ele contribuiu com US$ 2,5 milhões (R$ 13,8 milhões) para um comitê anti-Trump. Mas em 2020, ele e sua esposa contribuíram com US$ 5 milhões (R$ 27,6 milhões) para Trump, comitês pró-Trump e o comitê do partido; isso aumentou para US$ 8,6 milhões (R$ 47,5 milhões) em 2024. Stephens e sua esposa contribuíram com US$ 2,9 milhões (R$ 16 milhões) para um comitê pró-Nikki Haley de junho de 2023 a janeiro de 2024.
As doações pró-Trump continuaram após o republicano ser eleito presidente em 2024. Stephens contribuiu com US$ 4 milhões para a posse de Trump em 2 de dezembro, no mesmo dia em que Trump anunciou que Stephens seria sua escolha para embaixador no Reino Unido. Nesse mesmo dia, Stephens também contribuiu com US$ 1 milhão (R$ 5,54 milhões) para um super PAC aliado a Trump.
Paul Atkins, presidente da Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio
Patrimônio líquido: US$ 1,2 bilhão (R$ 6,6 bilhões)
O advogado Paul Atkins, cuja esposa é Sarah Humphreys Atkins —descendente do fundador da empresa de coberturas Tamko— agora dirige a Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio, uma agência que protege investidores e monitora mercados.
Atkins anteriormente serviu como comissário republicano do órgão sob o presidente George W. Bush. Atkins disse que está acelerando uma proposta de Trump que mudaria a frequência obrigatória dos relatórios financeiros das empresas para um período semestral, em vez do requisito trimestral atual.
Antes de Trump nomeá-lo, Atkins prestou consultoria a empresas como ExxonMobil e Bank of America, de acordo com uma declaração financeira. Ele é visto como mais amigável à indústria de criptomoedas do que seu antecessor, Gary Gensler. Ele contribuiu com US$ 2.700 (R$ 14,9 mil) para um comitê pró-Trump em 2016, e ele e sua esposa contribuíram com pouco mais de US$ 100 (R$ 553,4 mil) para Trump, comitês pró-Trump e o comitê nacional do partido tanto em 2020 quanto em 2024.
Metodologia: Para esta reportagem, o Washington Post incluiu pessoas que ocuparam cargos no poder Executivo desde 20 de janeiro de 2025, dia em que Trump tomou posse. Para se qualificar, eles ou seus cônjuges tinham que estar na lista de bilionários de 2025 da Forbes.
Para identificar doações de campanha apoiando Trump, o jornal analisou doações federais relatadas à Comissão Federal Eleitoral entre 2015 e 2024 por nomeados e seus cônjuges. Doações para Trump incluem contribuições ao Comitê Nacional Republicano, comitês de campanha e PACs afiliados, e quaisquer super PACs ou PACs híbridos em que a maioria dos gastos independentes foi destinado a influenciar a corrida presidencial.
O patrimônio líquido reflete a riqueza em 7 de março de 2025, de acordo com a lista de bilionários da Forbes.




