Pequim condicionou a participação de Taiwan na cúpula da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, em português) ao princípio de que a ilha faz parte do território da China, que sediará a reunião na cidade de Shenzhen em 2026.
A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do regime chinês, Mao Ning, afirmou que o posicionamento do país em relação à participação de Taiwan na cúpula é “claro e firme”.
“Participar como uma economia regional sob o princípio de Uma Só China e obedecer aos termos estabelecidos no Memorando de Entendimento relevante da Apec e às práticas habituais —este é o pré-requisito político para a participação de Taipé Chinês na Apec”, declarou nesta quarta-feira (5).
Mao se refere ao princípio defendido por Pequim de que Taiwan, formalmente chamado de República da China, é parte inalienável de seu território.
A porta-voz também se refere ao momento em que a ilha passou a fazer parte da Apec, em 1991, quando China, Taiwan e Hong Kong chegaram a um acordo de que os três poderiam coexistir no grupo e que todos seriam convidados para a próxima reunião ministerial, segundo documentos da organização.
Em resposta a Pequim, o ministro de Relações Exteriores de Taipé, Lin Chia-lung, afirmou que o país agirá em resposta às condições impostas pelo regime chinês, segundo a mídia estatal taiwanesa.
“Vamos salvaguardar o nosso direito de participar e trabalharemos com países que partilham dos mesmos ideais para lançar contramedidas”, declarou.
A participação da ilha na Apec é importante para o governo local, pois este é um dos únicos espaços multilaterais em que se reúnem lideranças e chefes de Estado e em que Taiwan está incluída, visto que o país foi expulso do espaço das delegações na Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), assim como de outras instituições ligadas à organização, e, por isso, não participa de cúpulas ligadas às Nações Unidas.
O desentendimento ocorre em um momento em que os países vivem escalada da tensão, com Pequim afirmando que não descarta o uso da força para reunificar os territórios, ao passo que o presidente de Taiwan, Lai Ching-te, reitera que descarta a oferta chinesa de “um país, dois sistemas” –o que deixaria a ilha em uma posição semelhante à de Hong Kong.
Na última sexta-feira (31), Lai disse ainda que deve aumentar os gastos militares, uma resposta ao risco de incursão militar da China e uma reafirmação à soberania do país.
Pequim tem subido o tom em relação às nações que mantêm relações diplomáticas ou não oficiais com a ilha, afirmando que os assuntos relacionados à ilha são questões internas que não devem ter intervenção de outros Estados.
Um exemplo recente foi a reação ao encontro da nova primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, com o representante de Taipé na Apec, Lin Hsin-i, às margens do evento na semana passada. A líder japonesa também participou de uma reunião bilateral com o mandatário do regime chinês, Xi Jinping.
O Ministério de Relações Exteriores da China, por meio do porta-voz, afirmou que o gesto de Takaichi envia um sinal “extremamente errado” às forças de independência taiwanesas.
“A questão de Taiwan é um assunto interno da China e está no cerne dos interesses centrais do país. A forma como essa questão é tratada afeta o alicerce político das relações China-Japão e a confiança básica no Japão, sendo uma linha vermelha que não deve ser ultrapassada”, declarou.




